segunda-feira, outubro 27, 2008

sexta-feira, agosto 15, 2008

Nossa Bela Senhora

A liberdade em toda sua plenitude, desde sua gênese, é apenas uma Idéia. Mas é uma Idéia que não convém aos meros mortais violentamente limitados por um corpo e subjugados por suas vontades corruptoras; é por isso que ela permanece e perpetua-se apenas como Idéia.

Uma Idéia pura e Verdadeira, descoberta ou inventada por seres que têm a pretensão da Razão. Estes mesmos seres, ao se perceberem como incapazes de provar de sua plenitude, esfacelaram-na e transplantaram suas migalhas, uma a uma, para seu mundo sensível, a ponto de praticarem apenas uns poucos fragmentos de um todo impraticável.

Mas eles já não satisfazem-se apenas com umas poucas partes, querem-na plenamente... Mas são muitos os homens, e ela, é Soberana, escorregadia e chama-se Liberdade.

Quando dá uma de suas lisas mãos para um feliz mortal, tira-a dos lábios de outro...

Ah! Essa Liberdade...

É uma Bela Senhora...

Que fascina

Encanta

Seduz

E desilude...


Faz de cada homem uma vítima, um por vez... Deixando-os apenas com seus meros retratos...

...

domingo, agosto 03, 2008

Versos conversos

por Boina cogitante e Sujeito da camisa listrada, num lápso poético

não me pergunte que horas são
pois já esqueci o tempo da razão

pois agora é tempo de viração
o mundo supra lular me tira da relação

seu corpo não anda são
e não vive só de intenção

mas é admirável um olhar de admiração
que ostenta calor na alma sem dar vazão

abstendo-se de partilhar
no desconforto de ninguém tocar

pois se alguém num ímpeto se lançar
não será na areia do profundo escuro do mar

em ondas frias de garoa irá banhar
sua própria cabeça que confusa vai desalinhar

e todos os brilhos celestes que lhe cabem num só olhar
tirarão o perfume dos relevos de seu cabelo se eu me desfraldar

mãos macias transludem como vidro
que pecado ser do tato desprovido

tirem-me os olhos que não serei ferido
mas permitam-me apenas um só sentido

que nessa direção me leve
como nossa distração tão leve

a verdade está naquilo que tu escreves
descuidar-se de ti, tu não deves

falas com acuidade, age com serenidade
mas se mete com sincretismos covardes

mas não lhe é sábio de nenhuma idade
diante de toda e qualquer saudade, deter-se sempre pela serenidade

criam-se novos demônios todos os dias
não te assusta aquilo do que fugias?

eu fugia da vida fugidia
mas quando a ceifa de mim estiver a um dia, quiçá estarei numa profunda aporia

nada além do que se é se apropria
ouço falar, e ouço-me pensar - ouso pensar, sem pesar

são tantos os versos que me furta o ar
são tantos os versos que eu tento bloquear

no verso reverso, eu controverso
encontro o verso e o reverso
converso com o inverso, intenso processo

paradoxo em contraste
esvaziar o vazio, dizer o indizível
fragmentar o Uno, desenhar o invisível -
são essas as tentativas dos versos conversos baconianos

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Este texto é uma reflexão sobre um pensamento não intencionado e alheio


O livre arbítrio é utópico.
Estamos sobre o jugo dos vícios da alma e do corpo.


Em meio a tantos vícios carnais e espirituais, será que damos liberdade ao livre arbítrio verdadeiro? O do nosso Ser (se o somos)?


Mas somos o que nosso corpo e alma são. Mas eles são distintos, uma antítese paradoxal dentro de nós e nossos sustentáculos que nos formam e completam. Ou será que são meramente complementos de nosso Ser? Direita e Esquerda, Lado e Lado, equilíbrio, e, o centro nosso Ser? Vivendo em conflito constante? Mas e se esse discurso for de uma pseudo-conclusão errônea? Então, onde fica nosso Ser? Será que esse só existe pelo pleno equilíbrio Corpo e Alma, sendo dependente? Será que esses dois são apenas, como já observei, meros complementos, sendo o Ser, independente destes e Individual? Assim, mesmo dependendo ou não desses, onde está seu livre arbítrio? Será que ele próprio pode gozar deste livre arbítrio? Será que podemos gozar deste seu livre arbítrio? Se nosso Ser for apenas essa fusão, este equilíbrio, nada Individual, independente, nada mais somos do que meras ferramentas para os vícios de nossos corpos e almas, apenas obedecendo com a idéia de um livre arbítrio que então é utópico.

A Última Posse

Quero ver o dia da morte

De quem viu não fez

O chão lambido por sangue

Consumido por uma devoção torpe



Quero ver o dia da realeza

A nobreza do verde e do vermelho

A deferência pelo cansaço

Pelo fim do “homem de aço”


Quero ver o dia em que Sim

De não levantar a bandeira, mas sua criança

De não chamar pelo nome, mas de “Amigo”

De não apenas escrever mais expressivamente e apaixonadamente


Quero ver o dia de Um de Maio

Que seja honrado, não comemorado

Em que as idéias revivam, reacendam

Em que os ideais os transcendam


Quero ver o dia do antepassado

Em que a terra seja de todos

Em que a luta esteja em todos

E a Liberdade sirva um povo


Quero ver o dia juvenil

Que eles voltem a pintar a cara

Que eles voltem a denotar a voz

Que eles berrem na moral vil


Quero ver o dia em que dêem esmolas ao pobre

Que esse se Revolte

“Por que deveriam agradecer pelas migalhas que caem da mesa do homem rico?”

Por que deverão conformismo diante dum sistema falho sob o jugo da opulência?


Quero ver o dia em que povos chorem juntos

Em que não sejam enjaulados por pensar

Que sejam honrados por falar

Que pensamentos puros sejam fecundos


Quero ver o dia em que ingratos bastardos

Não saciem desejos torpes sórdidos

Em cima de crianças acorrentadas

Que não mais percam a inocência enlevada


Quero ver o dia em que a Vossa Santidade

Dignifique seu cargo, que curve-se ante seus súditos

Que Igrejas não mais falhem

Com quem apenas fé, resta-lhes


Quero ver o dia em que não mais leiam

O Livro Sagrado, mas interpretem o mundo

Em que não pensem sobre a morte, essa naturalidade

Mas reflitam sobre a vida e suas doenças ocultadas


Quero ver o dia em que não repudiem

Versos presos na garganta,

Nas mãos de quem não os canta

E que escrevam Mil cartas de amor, cada uma como se fosse a última


Quero ver o dia da crise mundial

A Crise da Razão, não a tradicional

A Crise para o Progresso,

A Crítica contra o regresso


Que deixem os povos evoluírem natural e como o querem – e se o querem


Quero viver e respirar o dia chuvoso

Em que esses versos passem de rosto em rosto

Que transcendam as limitações infinitesimais

E Clamem nos desejos íntimos como jamais

quinta-feira, dezembro 20, 2007

No meio da semana

Quatro cavalheiros sensatos
bebedores de whisky
têm suas roupas atacadas pelo cheiro do cigarro
jogaram todas as reticências pra cima
e lavaram a alma numa chuva de pontos
mais três goles trazem mais uma verdade do universo
frustrações e traumas? que isso
você se lembra daquele sujeito? foi assim que ele caiu
e sinceramente não tenho mais nada contra vocês
assim tinha que ser
sem pensar em exitar

quarta-feira, outubro 31, 2007

Nação

Como ultimamente eu ando escrevendo pouco, eu vou postar essa letra que eu fiz só pra não ficar muito parado:


A sociedade impõe as regras
O povo vendado, vive às cegas
Procurando no lixo, o que comer
Culpando o álcool do seu sofrer

Nação de mortos, andam sem rumo
Nação de mortos, esquecidos do mundo
Nação de mortos, lixo da sociedade
Nação de mortos, a realidade

O mundo fede à corrupção
Raça humana, promove a auto-destruição
Mídia controla, o seu belo teatro
E o povo é marionete, escravo do espetáculo

Nação de mortos, oprimidos por agressão
Nação de mortos, um trapo sem atenção
Nação de mortos, produto da sociedade
Nação de mortos, a realidade

Deitado na sarjeta, o frio atormenta
No inverno, o pão seco não alimenta
As feridas abertas, surrado até o torpor
"Levanta vagabundo, você não tem valor"

quinta-feira, outubro 11, 2007

Como o Bancon e seus rapazes ultimamente andam meio parados ou ocupados, resolvi postar algo só para o Bacon não ficar crú e a pedra não ser levada pelo vento...

segunda-feira, setembro 17, 2007

Irônico

_Cara, esses negócios que você escreve, não são muito engraçados...
_Mas não é pra ser engraçado, é pra ser verdadeiro.
_Ah. Mas isso é meio chato.
_E?

quinta-feira, setembro 13, 2007

Samuel disse

A mãe de Samuel estava preocupada com o comportamento estranhíssimo que o filho vinha tendo desde um certo tempo, era algo anormal para ela, que em sua geração era inexistente.
Receosa por causa de seu novo gosto musical, musicas horríveis, com uma batida que tremia a casa toda e no último volume, apreensiva com certos aspectos preocupantes, como, seus desenhos mal-educados que expressavam seus sentimentos mais íntimos, seus textos críticos e suas criticas verbais e profundas a aspectos sociais que em sua época não eram questionados dentro do núcleo familiar, sem falar nos livros que estava lendo, os mesmos que foram queimados na fogueira pela sua geração.
Isso tudo lhe tirava o sono.
Em uma noite, sua mãe que estava na sala, perturbada pela estranheza e volume das musicas, suspirou aliviada quando seu filho desligou o som, mas ele logo apresentou o motivo, o que a deixou ainda mais irrequieta.


Samuel disse:
- Ligue para os bombeiros!
Sua mãe estranhou sua calma...
...nada fez.
Samuel gritou intensamente:
- Ligue para os bombeiros!
Sua mãe estranhou seu nervosismo e sua repentina mudança de temperamento.
Pensou, pegou o telefone, ligou para a vizinha e depois foi procurar algo nas gavetas de Samuel.