segunda-feira, dezembro 25, 2006

Intervalo comercial

Não que eu esteja dizendo pra ir ao banheiro ou pra ir buscar comida...

http://camisalistrada.blogspot.com

segunda-feira, dezembro 04, 2006

A dama das máscaras

As pessoas passando na rua e disparando sua aspereza, dentro da maior sinceridade, sobre as roupas horríveis, os cabelos ridículos ou as atitudes irracionais com que se deparam. Os atacados sentindo-se ofendidos ou magoados metralhando outras verdades - e quem sabe até algumas não tão legítimas. Não distante disso aparecem as agressões físicas e o caos. Ela, tantas vezes criticada, é, sim, indispensável para a vida em sociedade.
Quantas vezes é muito mais fácil soltar um leve elogio falso ao invés de enfrentar os resultados e de se dizer a verdadeira opinião, acariciar o ego e receber um sorriso. Não estou dizendo, claro, para se omitir sempre a opinião em causas em que se acredita por preguiça ou fraqueza, mas há casos em que essa é a melhor estratégia.
Alguém que nunca se desviasse da verdade do que pensa em suas palavras não sobreviveria por muito tempo. Não há alma viva que resistiria ao bombardeio de todas as idéias que dela fazem.
(Totalmente dispensável mencionar que o mundo não sobrevive apenas sobre mentiras e faz de contas sem pontas de verdade e que, às vezes, por mais trabalho que se tenha, a verdade tem que ser dita.)
Para quem permaneceu incrédulo até aqui que vá até a garota mais feia da classe, ou para o chefe, ou para aquele tio que pensa ser engraçado e sofra as conseqüências da não omissão ou veja nos olhos da vítima a dor que sente. E da próxima vez que perguntarem depois do cumprimento se está tudo bem, explique detalhadamente o porquê de não estar. E viva a Hipocrisia.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Sonho da terceira noite da lua nova antes de adormecer

Apareci no meio da cidade e o céu tinha nuvens coloridas. Principalmente roxas/brancas, que passavam em forma de listras pelo céu sem parar. E as ruas, sólidas como pedras, eram feitas de tijolos e davam várias opções de caminho. Não demorou muito e decidi, sem pensar, em seguir o caminho do norte. Encontrei logo na sétima ou oitava esquina a velha louca de roupas brancas e cabelo vermelho que parecia já estar embriagada. Me preveniu sobre a chuva molhada que estava pra cair dali a pouco. Bom, que a chuva caia no inferno, preferia seguir o caminho molhado, eu disse. Afinal, nenhuma das construções tinha portas no andar térreo. Comecei a sentir as gotas quentes no meu braço com cheiro tão familiar. Enxuguei o rosto e a mão manchada não mentia. O sol jorrava como um coração gigante arrancado, esquartejado do peito e jogado aos céus sangue vermelho, viscoso, adocicado. Horrorizado, percebi que o nível de sangue nas ruas já começava a subir pelos pés. Peguei a primeira escada que vi passar e acabei no alto dum morro, com gramado e árvores. Ali dava pra ver um boa parte da cidade, um pouco depois de onde a vista alcançava estava completamente sem cor. O gramado, felizmente verde, velho conhecido, era macio e estava seco. As árvores, não de feijão os pés, mas cresciam até tampar as nuvens, é provável que até as tocavam. Elas tinham cabelos compridos que quase chegavam no chão e ondulavam com o vento. Me encostei numa e relaxei e os pássaros dali, apesar das formas conhecidas, batiam e batiam as asas e voavam extremamente devagar e para trás e atravessavam as gotas e não se molhavam e riam sarcásticos de tudo. Fiquei observando perplexo aqueles excêntricos bichos até que um mais ainda veio até mim. Um sujeito de calça apertada e camiseta de manga comprida, sem cabelo mas uma barba fina de uns vinte centímetros, olhos dourados e redondos iguais às argolas nas orelhas enormes. Simplesmente gritava com dentes levemente esverdeados tortos e guspindo como uma cachoeira. Me perguntava o que estava fazendo ali, mas conseguia desviar do assunto no meio da pergunta. Respondi que estava me abrigando do sangue. Justo. Ai começou a falar da garota com os olhos de planetas e sinos nas orelhas que ecoavam na cabeça de qualquer um que a beijasse. Cabelos claros, pra baixo dos ombros e curvas de serpente de fumaça. Eu tinha ouvido falar dela três luas antes, na verdade, respondi. Ele farejou e palpitou que estava pro leste. De longe vi que o céu voltou a ser branco/roxo, caleidoscópico agora, e decidi descer leste adentro. A essas horas o tal sujeito já estava ocupado dançando com as plantas. Pra esse lado a cidade era diferente, as casas eram todas de madeira, cheias de arranjos nas varandas e as ruas de pedras justapostas milimetricamente. Fui simplesmente entrando nas ruelas aleatoriamente e acabei encontrando. Encostada numa parede de alguma coisa que o verde em volta escondia. Ela fumava tranqüila e sozinha. Vi os sinos, os planetas e a serpente. E hesitei por um bom tempo. Sorte que abordei antes que saísse. Falamos ali mesmo, sobre pedras e sangue, nuvens e árvores, rios e cobras. Foi a melhor parte do sonho. Trocamos sorrisos e toques. Aproximei da boca dela, fechei meus olhos, a beijei. Ela se desmanchou em cinzas e se derramou num vento qualquer e tudo se derreteu e nada de eco de sinos e eu repetidamente horrorizado angustiado vi tudo e o coração do meio das nuvens e as nuvens listradas e caleidoscóspicas se esmigalhando e os pássaros rindo irônicos e eu e adormeci...

segunda-feira, outubro 30, 2006

Dia oco

Foi um dia bem chato. Intediante e monótono. Não mais que algumas músicas e alguns capítulos. Acontece porque a alma acorda com vontade de não ter vontade. Aí você fica andando de um lado pro outro procurando alguma coisa. Um cigarro aqui, um ar ali. Daqui a pouco copo de chá seguido de outro café. Não tinha nignuém por perto pra bater um papo e mesmo se tivesse não haveria muito assunto. Minha cabeça estava meio sem conexões.
A televisão também não foi a salvação por mais de meia hora. Tentar recaptular aqueles acordes que estavam tocando esses dias, mas sabe que esse violão precisa é de cordas novas. Antes até parecia que ia chover só que até as nuvens ficaram sem vontade de pingar. Sem pessoas passando na rua e sem cachorros latindo pela vizinhança.
Trocando os discos, música vai, música vem e aí soa um ou outro relâmpago. Nada que mudasse o curso das coisas. O tempo teimando em passear com os ponteiros em vez de simplesmente passar. Se eu tivesse alguma árvore no gramado poderia sentar lá pra escrever um livro. Como não tenho árvores, não escrevo livros.
Um trago talvez criasse umas conexões, se tivesse alguém pra desenvolver as idéias.
Foi um dia morto, sem salvação, sem julgamento, sem intercessão. Que perda. Quantas grandes coisas foram feitas em dias vazios como esse. É, mas nesse nada.

domingo, outubro 15, 2006

Só mais uns fluxos de pensamento



Ultimamete tenho conversado muito comigo. Já descobri várias coisas interessantes, mas ainda não cheguei na fórmula mágica pra desvendar os problemas - tem gente que acredita que não existe. Têm sempre aquelas vozes que ficam idealizando as coisas, mas do jeito que nunca acontece. O resultado são decepções. Mas daí elas voltam e dizem que dá pra reverter, que vão ter novas chances.

Assim, conforme elas vão ditando, o humor e as perspectivas vão mudando. Numa hora a vontade - não só a vontade - de esmagar o porta lápis aqui do lado, noutra um sorriso pensando que vai mesmo beber denovo daquela fonte. Daquela. Às vezes dá sim pra controlar isso. Forçar um sorriso ou colocar música que traz boas lembranças ajuda. Mas fatos concretos são uma necessidade.

Esses dias mandei elas calarem a boca. Estava convecido que eram pitonisas charlatãs que só consumiam meu tempo. Ia não planejar nada e agir só no impulso. Acabou que acabei sem ação, me encontrei confuso e hesitei. 'Droga, eu divia ter...'. É, droga. Mas agora já se foi. Elas riram da minha cara e me fizeram, denovo, perder tempo.
O melhor que eu faço é mesmo ouví-las, mas não me embriagar nas possibilidades. Prever os movimentos das peças com precisão não dá, mas pensar em como será a resposta pra cada jogada, isso sim, posso.

Pelo lado científico, me induzem a acreditar que todas as emoçoes, sentimentos e sensações são substânias produzidas no cérebro que ativam as regiões correspondentes. E tudo que você vê, ouve, cheira, bebe, come, fuma, toca, injeta, etc., faz a motor da máquina orgânica continuar funcinando com objetivo de morrer daqui a um tempo. Mas no fundo todo mundo sabe que são fantasmas, bruxos, demônios, monstros, pitonisas, padres, anjos e mais todo tipo de figuras que se ouve falar todos fundidos formando uma alma presa numa estrura cuidadosamente desenhada pra passar a impressão de quem se é. Não que realmente passe. E essa alma bsuca instintivamente saciar os desejos que surgem a toda hora.
Fazer todos eles entrarem em consenso é difícil, mas o conjunto é que faz a mente. E é esse conjunto sinuoso que torna as coisas assim excitantes.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Dia de Lua Cheia

Lá do alto vi como eram felizes, vi tudo o que eu perdera por querer ser de ninguém. A lua estava diferente dos outros dias, estava mais perto, estava mais brilhante, estava diferente. Era ela quem me dizia que tudo iria valer a pena. Sentei na grama surrada da beira da estrada e comecei a rir. Não tinha achado graça em nada, apenas senti vontade de rir, e foi o que eu fiz. Talvez o riso fosse um mecanismo de defesa, fosse algo para me dar voz, algo que me dissesse "está tudo bem". O fato é que a minha vontade era de descer lá e voltar atrás. Pedir desculpas e dizer que voltei, que queria fazer parte do grupo mais uma vez, mas o orgulho me impedia. O orgulho que não me deixa voltar é o mesmo orgulho que me fez partir. Começou a chover, bem de leve, aquele tipo de chuva que faz as pessoas refletirem, aquelas chuvas que nos fazem querer mudar. Lá embaixo a chuva molhava a camisa velha e desbotada da mulher que um dia foi minha amada. O peso da água faz com que as roupas fiquem coladas, no caso dela, os seios moldados no tecido me faziam lembrar dos vários momentos de prazer que tivemos juntos. Diferente dos olhos; esses sim me faziam lembrar do amor. Do tempo em que transpirávamos paixão, do tempo de sonhos, dos mil planos, das juras de amor eterno. Acendi um cigarro, duas ou três tragadas e a chuva o estragou. Não podia mais evitar. Desci até as barracas e segurei o seu braço. Ela virou e me encarou por alguns instantes. Não sabia o que dizer, nem eu e nem ela. Não disse nada, apenas olhei fundo em seus olhos, e ela entendeu, também não falou nada. Como se tivéssemos voltado no tempo, estávamos nós de novo aos beijos e abraços, de baixo de chuva, com o mundo ao nosso lado. Fizemos amor a noite toda, dormimos juntos e abraçados. No dia seguinte pela manhã acordei cedo, saí sem fazer barulho, não queria acordá-la, assim poderia ficar alguns minutos alí vendo minha antiga paixão dormir. Voltei para o carro, liguei o rádio. Estava tocando Rolling Stones. Essa música sempre me causava arrepios, mas na ocasião me arrancou lágrimas. Dei a partida, agora não tinha mais volta, a estrada era a minha vida, e ainda restavam muitas delas pela frente. A poeira levantou uma nuvem, dirigi alguns metros sem ver nada, mas não me importava, fui embora com a certeza de que fiz o certo, enquanto a mesma melodia me dizia, you can't always get what you want.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Procurando palavras

Três horas de omissão
Muito a ser dito
Mas nem ao menos um sussurro proferido

Música doce aos ouvidos
Tantas situações na mente
E nenhuma gota de vida na tela

As linhas brancas para o escritor
E a rocha bruta do escultor
Assim como o tempo em cada vivente

Logo as horas serão dias
Sussuros lamentos, música silêncio
Presente passado, futuro presente

Se as linhas apenas passarem a amareladas
A rocha não for delapidada
Não sei o que será do tempo

Não o perca contando os grãos da ampulheta
Muito menos empurrando-os de volta
Apenas ache as palavras certas para acabar com essa omissão

quarta-feira, setembro 27, 2006

Crianças

Saiu a garotinha para mais um dia de aula. Deu um beijo em sua mãe pegou seu material e subiu no ônibus da escola. Não deu olá aos seus colegas, não tinha amigos. Os meninos da sua turma costumavam rir da sua cara, diziam que ela era feia. Chegaram no colégio, o sinal tocou e a turma toda foi para a sala. "A professora disse que todos são iguais, vagabunda mentirosa, se é assim porque é que não tenho amigos." Recebeu um bilhete, veio lá do fundão, leu o que havia lá escrito e disfarçou, não queria demonstrar fraqueza. Da última vez ela chorou, foi motivo de risos para a turma inteira, e ainda levou uma bronca da professora. Guardou bem fundo sua tristeza por muito tempo. Agora já não tinha mais tristeza, tinha ódio, tinha raiva de tudo e todos. Em seu último dia de aula chegou sorridente ao colégio, iam fazer amigo-secreto. Armaram a roda e começaram a entregar os presentes, quando chamaram seu nome um menino lhe entregou protetor solar, disse que era para ver se assim ela conseguia ficar um pouco mais branca. O abraço ela não recebeu, ninguém chegava muito perto, era como se ela tivesse alguma doença contagiosa. Foi então que abriu a lancheira e pegou uma faca, esfaqueou sem dó nem remorso o garoto que lhe entregou o protetor. 6 facadas na cabeça, o garoto espirrava sangue, a turma apavorada gritava, alguns corriam, outros não sabiam o que fazer. A professora foi chamar ajuda. A garotinha foi mandada para uma prisão, não era bem aquela que todos conhecem, mas era uma prisão. Há algumas semanas atrás foi encontrada cuspindo sangue em sua prisão. Os policiais viram a garota agonizando, chamaram um médico e foram fazer um lanche. Ao seu lado, no chão, havia um papel com suas últimas palavras. O papel ficou perdido no meio de todo aquele sangue, o corpo foi levado embora.

sábado, setembro 23, 2006

Inibição Cerebral

Nasci em berço de ouro, morri em ninho de vespa.
Quando é que você vai me jogar a corda?
Preciso de uma luz na escuridão da minha mente, do contrário não acho mais a saída.
Se quiser pode ir na frente, mas por favor não tranque a porta, e se mudar de idéia pinte o sol nas minhas nuvens e ponha nuvens no meu dia.


domingo, setembro 17, 2006

A hora das estrelas

O Céu, quando a gente precisa dele resolve ficar nublado
Realmente nenhum sinal de estrelas essa noite
E como sempre, não podia deixar de faltar as facas
Facas feitas de pequenas moléculas de oxigênio e nitrogênio em trânsito
Mas naquela altura e naquela hora, as facas estavam muito afiadas
Afiadas nem tanto a ponto de atrapalhar os planos do cardume, porém

A sólida estrutura de cimento e barro poderia proteger até o mais mísero inseto
Desde que fosse capaz de escalar a cordilheira de degraus
Todas luzes que não haviam no céu estavam espalhadas pelo chão
Não sei quem foi, mas a idéia de recolher e depois despejar ali foi ótima
E do mirante eu poderia reger como quisesse cada uma delas
Devem ter sido as facas que me fizeram enxergar tão bem

Cada fonte emanou sua luz própria e com meio olhar pudemos trocar diálogos
Eram tão agradáveis que não houve nenhuma dificuldade em estabelecer equilíbrio
E a Natureza instintiva e dinâmica acendeu o fogo dentro de cada faísca de vida

Assim que deveriam rolar os jogos, sem cartas e sem dados
Até os ponteiros pararam por alguns quartos de hora pra dançar
Os pombos só não fizeram o mesmo porque com tanta pressão não poderiam emergir

Encarar a vida acima da malha de estrelas não vai sair nunca da minha retina
Inalar o ar aquecido pelo atrito das pedras é tão mais confortável que nem tem graça voltar a respirar
Voltar a ser regido pelas leis da Física e atordoado pela mentalidade humana
É pena que esse mundo de sonhos volta pro lugar com tanta facilidade como veio

Talvez o único jeito de conhecer a realidade seja saindo dela
O homem só não conhece mais do universo porque não pode sair dele
Eu só não entendo minha mente porque não consigo sair dela
E é só por isso que a vida segue

quinta-feira, setembro 07, 2006

Reflexo de metáforas

Um minuto me encontro em queda livre e já em seguida cordas presas ao meu tornozelo me seguram. Rompendo-as tenho ainda o pára-quedas na parte de trás da cabeça. Tanto vento gélido na cara e uma visão tão ampla que perder tempo com vaidade ou qualquer outra futilidade seria pecado. Grande beleza a alguns palmos da ponta do nariz e uma anciosidade incotrolável para segurá-la com todas as forças que tiver. Uma garota na minha frente transpira um calor que eu não entendo porque vem em minha direção. Mergulho centenas de léguas dentro daqueles olhos castanhos e não vejo nem a sombra da minha imagem. Jogar algumas substâncias pra dentro é a única forma que encontro de não congelar todo meu sangue e me estilhaçar em mil pedaços nas parades do poço em que ela me atirou. Desviando desse olhar diabólico vejo uma fila de estátuas, bronze, mármore, gesso e barro, são as oportunidades que disperdicei ou evitei. Melhor ou pior eu não sei, teria sido diferente. Abrir mão do maldito queijo fedorento em troca de sair da gaiola e finalmente utilizar o não muito belo, mas funcional par de asas pra ir buscar alguma coisa que nem sei direito o que é, mas que brilha, e brilha pra mim é o melhor que posso fazer. Sobra uma esperança de que com as asas não vão ser necessárias cordas, pára-quedas ou quedas livres e que o demorado vôo sobre quanta água necessário for, pode ser bom. Afinal, pelo menos tenho algumas gaivotas com tanto senso de direção quanto eu que voam ao meu lado.

terça-feira, setembro 05, 2006

Destino Manifesto

Era só mais um no meio de tantos
Trabalhava todo dia como podia
Sabia da vida o que aprendeu sozinho
E sozinho sabia qual seria sua vida
Sem prazer e sem dinheiro
Sem carteira e sem documento
Sem lenço para enxugar as lágrimas
Sem as lágrimas para devolver a terra sua dor
Num dos dias de dureza uma nave encontrou
Se perdeu naquilo tudo e nunca mais se encontrou
Acordou num ponto livre bem distante do daqui
E viveu dias melhores do que os que vivia aqui
Uma carta tentou enviar, para os outros informar
Das melhoras que obteve morando em seu novo lar
Nem mensagem nem recado
Nada conseguiu entregar
Mas se um dia lhe perguntassem,
"Nunca mais volto pra lá"
E seus dias entregou ao destino que conseguiu
E a viagem não teve volta, nem visita ele pediu
Porque por lá ele ensinou, porque por lá ele aprendeu
Que enquanto a vida permite, o rumo certo é o seu

sábado, setembro 02, 2006

Carroll e seu mundo de maravilhas


Um lado vai fazê-la crescer e outro irá fazê-la diminuir, pergunte à Alice, quando ela tiver dois metros e meio de altura
E se você resolver seguir coelhos, você irá cair, e irá encontrar uma lagarta azul fumando marguilé que te dará um conselho, pergunte para Alice, quanto ela estiver com apenas oito centímetro de altura
E quando os homens do tabuleiro de xadrêz levantarem pra te dizer onde ir e você comer um cogumelo que altere a sua mente, pergunte para Alice, eu acho que ela vai saber
Quando a lógica e a proporção não existirem mais, o Cavaleiro Branco falar ao contrário e a Rainha de Copas "cortem-lhe a cabeça", se lembre do que o Leirão disse:
"Alimente sua mente"


adaptado de White Rabbit, do Jefferson Airplane

Alice no país das maravilhas (1865) não é uma obra rica por apresentar uma linguagem muito bem elaborada ou alguma importante moral, como diria a Duquesa. A começar pelo coelho branco apressado que leva a protagonista a entrar em Wonderland, passando pelos mais curiosos e incoerentes como o gato sorridente e a falsa tartaruga, que era uma tartaruga de verdade, cada personagem mostra uma peculiaridade que faz do livro obra prima do nonsense. A jovem, que estava entediada da forma com que as coisas aconteciam no mundo real se depara com uma realidade onde a lógica simplesmente inexiste. Lewis Carroll, matemático, lógico, fotógrafo, escritor e inglês, convida o leitor a refletir se é relamente necessário que as coisas façam algum sentido. Várias analogias e análises psicológicas podem ser feitas a partir da história, mas isso já vai da mente nubígena de cada um.

Through the Looking Glass (1871) é uma continuação da aventura, mas ainda não achei uma versão traduzida. Se alguém tiver, me dê uma luz. Pelo que li, Alice atravessa o espelho e encontra um mundo onde tudo é invertido. A nova história se passa em um tabuleiro de xadrês, onde o objetivo da garota é chegar a última casa para tornar-se rainha.

Vale a pena conferir as ilustrações baseadas na obra. Destaque para as de Arthur Rackham e A. E. Jackson.

Versão traduzida de Alice no país das maravilhas: http://www.alfredo-braga.pro.br/biblioteca/alice.html

Versão em inglês de Alice no país das maravilhas e Através do espelho, e também versão comentada, conta com ilustrações originais de John Tenniel: http://www.sabian.org/alice.htm

Ilustrações: http://www.exit109.com/~dnn/alice

Interpretação um tanto medonha do capítulo 9: http://www.youtube.com/watch?v=TvcCY1dbWvs


E o vídeo mais decente que achei no youtube:


A propósito, alguém sabe por que um corvo se parece com uma escrivaninha?

quinta-feira, agosto 31, 2006

(In)Satisfação

A lasanha tava boa, eu tô satisfeito
Acabou o livro, quero outro
Já foram cinco garrafas, já deu pro gasto
Gostei da música, tem mais coisa dos caras?
Satisfação, contentamento não
Curiosidade ou insatisfação
Não sei bem, não sei de nada
Porque, se contentar com o que se tem, é o fim pra qualquer conquista
Mas o querer cada vez mais leva a maldita ganância que já afundou tanto continente
Eu penso, quero ver o tal lado escuro da lua - que na verdade é toda escura
Mas têm tantos obastáculos, tempo, dinheiro, o eclipse
Quero me sentir satisfeito com os simples detalhes que o cotidiano pode oferecer aos olhos atentos
Sentir o cheiro de cada cor e a textura de cada flor, essas coisas
Mas não parar dentro dum ciclone, um ciclo vicioso, monótono, repetitivo, tedioso, chato, embriagante, paralisador
O negócio é ir subindo os degraus, mas segurando no corrimão e olhando a paisagem, não pelo vidro, mas com a cabeça pra fora e sentindo a brisa
É, a brisa...eu quero a brisa
Falam que lá de cima a brisa é boa e a vista linda, quero conferir, mas sem sair do lado
Quero caminhar pelo meios sem me perder pelos fins e tendo sempre um ponto pra chegar
O ir e o vir, guiados pelo otimismo e pessimismo, às vezes ridículos infundados
Direitos, proibições, o querer, o receio, o medo, a esperança, a utopia, o desejo, a cobiça, o contemplamento ou o arrependimento
Tantas opções, mas não sou eu quem escolho, ou será que sou?
Tudo complicado mas tão simples que me confundo nas próprias idéias
Futuro incerto, fim sempre próximo
Vivendo fácil, se confundindo com tudo que vê
Fazendo a hora, não esperando acontecer
Talvez ouvir o vento soprando a resposta
Bom, na dúvida, peguar um charuto, pra ir pra longe, voar alto, e nunca, nunca morrer, conseguir se tentar, que todos também vão me amar...

segunda-feira, agosto 28, 2006

Natureza Morta

Mais um dia sentado com os amigos na escada das lembranças
Clima agradável, e o sol combinado com as árvores criava uma linda paisagem
A natureza ia sendo queimada aos poucos, um por um saindo do real
Não durou muito e logo estávamos curtindo o som, vício é vício
Tinha gente que estava branca, tinha gente que estava rosa
E tinha também quem não entendia nada;
O sol foi dando lugar para a lua e o céu de estrelas
A noite mais bela que já presenciei
Os velhos amigos deitados no gramado olhando para cima
Sonhando mil coisas, pensando em milhões
O tempo passava devagar e a vida parecia ser tão bonita
Mais alguns minutos de poesia e logo todos foram para longe
Fiquei ali sentado na escada sozinho
Pensando se era isso que realmente eu queria
Olhei pela janela para ver se o céu ainda estava brilhando
O vermelho dos olhos combinava com o azul do infinito
Acordei para a realidade... estava ali diante da minha vida
Bela, confusa, brilhante e incorruptível
Pelo menos naquele instante.

sábado, agosto 26, 2006

Penumbra

Levou uma vida regrada.
Na escola, sentava na primeira carteira, nunca jogou uma bolinha de papel, nunca matou uma aula, nunca ficou de recuperação, era errado.
Quando cresceu continuou correto. Não saia muito, medo dessa violência urbana. Não bebia e muito menos fumava, faz mal pra saúde. Não gastava muita grana, poupar pro futuro é preciso.
Sempre foi à missa, mesmo não entendendo realmente o que diziam lá, ter fé é importante.
Nunca se interessou por arte e essas coisas, perda de tempo.
Não teve muitas namoradas, mas casou com uma garota do seu tipo.
Dois filhos pequenos.
Não gostava muito do seu emprego, mas dava grana, isso que importa.
Vivia essa vida feliz.
Terça, pisou em falso num degrau. Seu crânio partiu.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Existencialismo barato


Um texto para me apresentar.







...









Me vê outra cerveja aí...

segunda-feira, agosto 21, 2006

Pare, Leia e Escute!

The Black Crowes

Banda americana capitaneada pelos irmãos Rich e Chris Robinson, criada ainda nos anos 80, mas que lançou seu debut "Shake Your Money Maker" em 1990. O disco repleto de rocks memoráveis realizou a façanha de adentrar o mercado fonográfico norte-americano em pleno começo dos anos 90 com um som todo calcado no rock feito nos anos 60 e 70. E mostrando que veio para ficar a banda não parou por aí, dois anos depois lança "The Southern Harmony and Music Companion", respeitando o mesmo padrão de qualidade do primeiro.

Quem curte o rock em sua essência e acha que depois dos anos 70 não foi feito mais nada com qualidade, abra os olhos. Ouça músicas como Remedy ou Jealous Again e mude seus conceitos. Impossível não se deixar levar também pela belíssima composição She Talks To Angels. Vale a pena conferir, música de qualidade não tem data, em se tratando de Rock N' Roll menos ainda...

sexta-feira, agosto 18, 2006

Pensamentos e reflexões

O meu grande medo quando abri o blog sempre foi não ter o que escrever. Um dia desses percebi que realmente não é fácil achar assunto para escrever regularmente. Falar de música, literatura, arte em geral... é claro que gosto, mas o interessante seria escrever sobre algo diferente. Mas onde buscar inspiração? Talvez no próprio dia-a-dia, nas experiências de vida... não sei. Deve ser esse o motivo para a maior parte das pessoas não alimentarem o hábito de escrever, a falta de assunto. Se a maioria esmagadora da população não sabe expressar suas idéias nem ao menos falando, imagine então desenvolvendo textos e pensamentos. A falta de cultura também contribui para isso. E é assim então que a minoria interessada em aprender fica reprimida por não saber o que dizer... Vamos falar sobre música? "Viu só aquela banda que apareceu no faustão?" Não não, eu quis dizer música de verdade, não animadores de festa ou grupo de entretenimento... E é assim que os gatos pingados que se interessam por cultura se excluem de certa forma, e acabam formando "panelinhas" para trocar informações e falarem o que pensam. O chato nisso tudo é que você acaba falando o que pensa apenas para a meia-dúzia que você já sabe que se não vai concordar, ao menos vai entender seu ponto de vista. Mas tudo bem, acabei de dar uma olhada em tudo que escrevi e vi que a falta de assunto é assunto que não acaba mais...

quinta-feira, agosto 10, 2006

Um dia vai...

E foi!

Depois de um bom tempo pensando em criar um blog, resolvi deixar a preguiça de lado e arregaçar as mangas... Agora haja assunto para não deixá-lo morrer.

"O poder nasce do querer. Sempre que o homem aplicar a veemência e perseverante enegia de sua alma a um fim, vencerá os obstáculos, e, se não atingir o alvo fará, pelo menos, coisas admiráveis." Dale Carnegie

Até mais ver.